Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Murillo e a mãe Mônica esperam atendimento na Casa 13 de Maio
Um local para dar orientações e fazer o encaminhamento correto: foi com essa finalidade que a Casa 13 de Maio abriu as portas na sexta-feira para os pacientes que estão com toxoplasmose. Na primeira manhã de atendimento, as 25 pessoas que passaram por uma conversa com os dois infectologistas que foram destinados para essa força-tarefa, de tentar combater o surto epidemiológico o quanto antes, já apresentaram sorologia positiva para a doença. À tarde, foram atendidas outras nove pessoas, totalizando 34 atendimentos na sexta.
:: Leia a cobertura completa da toxoplasmose em Santa Maria ::
Entre as pessoas que aguardavam ser chamadas, estava Murillo Figueiredo Barcellos, 15 anos. Com uma cara abatida, na sala de espera, ele recebia o abraço da mãe, Mônica Figueiredo. Preocupados com o surto de toxoplasmose na cidade, foram buscar orientações depois de ter procurado a Unidade Básica de Saúde Ruben Noal, no Bairro Tancredo Neves, há duas semanas. Em mãos, eles estavam com o primeiro exame feito por um laboratório da cidade, que apontou positivo para a toxoplasmose.
- Eu sinto dor no corpo, tive febre, e apareceram uns nódulos na cabeça. Quando eu deito, dói muito, isso foi o que mais me preocupou - contou o estudante do 9º ano da Escola Estadual Tancredo Neves.
A mãe de Murillo comentou que também pretende fazer um exame, mesmo sem ter os sintomas causados pela síndrome febril.
- Quando apareceram os nódulos no Murilo, fiquei bem preocupada. Moramos só eu e ele, comemos quase as mesmas coisas e bebemos água da Corsan. Eu suspeito que seja da água. Como a toxoplasmose pode causar cegueira, infecção no cérebro e outras coisas, isso vai nos apavorando. Pretendo fazer o exame também - disse Mônica.
Na Casa 13 de Maio, foram destinadas duas salas para que dois médicos infectologistas prestem as orientações ao público. Um deles foi contratado pela prefeitura via Consórcio Intermunicipal de Saúde para atender à demanda gerada pelo surto. A médica infectologista do município Paula Martinez explica que a ideia é que a população procure primeiro as Unidade Básicas de Saúde (UBS), Estratégia de Saúde de Família (EFS) e pronto-atendimentos da cidade para, depois, serem encaminhados para a Casa 13 de Maio.
- O ideal é que as pessoas procurem a unidade mais próxima da sua casa. Que seja avaliado o mais rápido possível e, depois do atendimento primário, vir encaminhado para cá. Aqui, é para orientar os pacientes para o fluxo correto. O que está acontecendo é que todos estão chegando com sorologia já solicitada e reagentes, a maioria positivo para toxoplasmose. A gente espera também que venham pacientes sintomáticos com sorologia negativa, mesmo assim, todos vão passar por exames que vão para o Lacen - explicou a infectologista.
Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
A técnica em enfermagem foi buscar orientações
Atendimento seguirá por tempo indeterminado
Esse tipo de atendimento na Casa 13 de Maio será oferecido às terças, das 8h às 12h, e às sextas-feiras, das 8h às 12h e das 13h30min às 17h30min. Depois que passarem pelo local, os pacientes serão encaminhados, no mesmo dia, para uma nova coleta de exame de sangue na Vigilância em Saúde. As amostras serão encaminhadas para o Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen-RS), em Porto Alegre, que oficializa os casos para o quadro estatístico.
- A gente tem que trazer os pacientes, acompanhar esses pacientes. Como gestão, essa é a nossa obrigação, é tratar quem está doente. Precisamos saber quem são essas pessoas. O nosso papel é esse, estamos aqui pra isso, vamos buscar os pacientes que precisam ser tratados, avaliados, e fazer a coisa certa é o que nos cabe. Se toda essa situação não foi evitada, agora vamos remediar - ponderou Paula.
Além disso, se necessário, os pacientes receberão requisição para retirar os medicamentos para o tratamento na Farmácia Municipal de graça. O serviço na Casa 13 de Maio permanecerá por tempo indeterminado, enquanto houver pacientes com sintomas de toxoplasmose.
Sintomas da toxoplasmose em crianças menores de 2 anos são mais silenciosos
A técnica em enfermagem Letícia Alves, 35 anos, e o marido, Jelson Vieira, 41, frentista, também foram buscar orientações na sexta-feira. Os dois farão os exames na Vigilância em Saúde. Ela já tinha em mãos a receita do medicamento.
- Vou tomar remédio por 14 dias e esperar o Husm me ligar para ir lá. Fiquei preocupada porque tive dor no corpo, de cabeça, náusea, e apareceram ínguas no pescoço. Mas o pior foi depois do diagnóstico, eu achava que era uma virose. Agora, vou fazer o que me pediram, mas a gente sempre vai ter isso, e tenho medo que o tratamento não seja eficiente - contou Letícia.
Paralelamente a isso, os atendimentos habituais na Casa 13 de Maio continuam com um infectologista que já trabalha no local. A casa funciona como uma unidade especializada para pacientes com infecções sexuais, HIV/AIDS e hepatites B e C.